quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O SANTO GRAAL

O Santo Graal é um dos mais antigos e enigmáticos mitos da humanidade. Sob uma análise superficial, é o cálice usado por Jesus Cristo no episódio da Última Ceia e que contém seu sangue, que havia sido recolhido no momento da crucificação.

O termo Graal, no francês arcaico, significa bandeja. Por outro lado, pode ter origem latina, no vocábulo Gradalis, que significa cálice. Já o termo Sangraal seria uma variação etimológica deSangue Real.

Origens Celtas

A origem do mito pode ser analisada sob um ponto de vista pré-cristão. Sabe-se que entre os celtas, recipientes utilizados para armazenar alimentos, eram considerados objetos sagrados. Este conceito estende-se ao caldeirão mágico (representando o útero da Deusa) referencial de ritos pagãos, capaz de renovar e ressuscitar.

Portanto, partindo do princípio que os celtas instalaram-se em diversas regiões da Europa, inclusive onde atualmente é o Reino Unido, e as primeiras citações históricas do Graal referem-se às lendas arthurianas, que, por sua vez, surgiram nesta região, é possível que o mito do Cálice Sagrado tenha apenas se transportado através dos séculos e sido adaptado ao Graal; desta vez, através de uma releitura cristã. Porém, mesmo entre os celtas, já havia uma lenda semelhante de um valoroso líder que saía em busca de um caldeirão sagrado.

Numa narrativa mais fantasiosa, o próprio Cristo, quando esteve na Cornualha, recebeu de presente um cálice de um druida (sacerdote celta). Jesus atribuía um valor especial e este objeto. Após o episódio da crucificação, José de Arimatéia decidiu levar o objeto, já santificado pelo sangue de Jesus, de volta ao sacerdote celta. Este sacerdote celta seria Merlin, o poderoso mago das lendas da Távola Redonda.

Origens Cristãs

Há, pelo menos, duas versões para justificar a origem e o desenvolvimento histórico do mito. Numa primeira análise, a lenda conta que José de Arimatéia recolheu no cálice utilizado na Última Ceia, o sangue de Jesus, no momento em que este era crucificado, após o último golpe de lança aplicado pelo soldado romano conhecido por Longinus.

José, que era membro do Sinédrio (tribunal judeu) e um homem de posses, solicitou ao imperador Poncio Pilatos o corpo de Cristo como uma "recompensa" por seus préstimos ao império. Pilatos atendeu ao pedido e José enterrou o corpo de Cristo em suas terras.

Após este fato, José de Arimatéia, que secretamente era seguidor de Cristo, teria sido feito prisioneiro pelos judeus por ocasião do sumiço do corpo de Cristo. José ficou muito tempo como prisioneiro numa cela sem janelas, alimentando-se apenas de uma hóstia diária, entregue por uma pomba que se materializava. Certa vez, o próprio Cristo surgiu diante de José entregou-lhe o Graal com a missão de protegê-lo.

Após conquistar a liberdade, utilizou-se de uma conhecida rota comercial e viajou para Inglaterra, levando consigo o Cálice Sagrado. Ao chegar, reuniu alguns discípulos de Cristo e fundou uma pequena Igreja, onde atualmente há as ruínas da Abadia de Glastonbury. Porém, não é possível afirmar onde o Graal teria sido ocultado a partir deste momento.

Numa segunda versão, Maria Madalena (que em interpretações não-canônicas, poderia ser esposa de Cristo), teria tomado posse do cálice e levado para a França, onde passou o resto da vida.

Em ambas versões, após o Cálice Sagrado chegar em terras européias, seja através de Maria Madalena ou José de Arimatéia, segue diversas rotas entre os alguns países deste continente e confunde-se entre a história e a literatura medieval.

Trajetória do Graal na história

A continuidade mais conhecida sobre o destino do Graal, atesta que este teria ficado sob a tutela dos Templários. Assim, os Cavaleiros teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Sob outra narrativa, o Graal teria sido levado para a cidade de Constantinopla e em seguida para Troyes, onde no período da Revolução Francesa (a partir de 1789), teria desaparecido misteriosamente.

Uma outra versão atesta que os cátaros, um grupo cristão que vivia isolado na fortaleza de Montsegur e pregava uma fé simples, oposta às imposições clericais, ocultavam uma relíquia religiosa de valor muito alto. Mas, em meados do século XIII, os cátaros foram vítimas de uma invasão de cruzados ordenada pelo Papa. Mais de duzentos membros da doutrina foram queimados sob a acusação de heresia e a misteriosa relíquia desapareceu durante a investida dos soldados. Mas não há nenhuma evidência confiável indicando que fosse o Graal.

Neste mesmo período, surgem boatos de que os cruzados que regressavam de Jerusalém traziam consigo uma âmbula contendo o sangue de Cristo; contradizendo e confundindo ainda mais a rota histórica do Santo Graal.

Entretanto, através de estudos arqueológicos e investigações profundas, tomando como base também os primeiros registros literários, foi possível traçar uma linha mais próxima da realidade sobre a trajetória do Graal na Europa e na história.

Inicialmente, nos primeiros três séculos após chegar em solo europeu, o cálice teria ficado na Itália. Por volta do século III, o monge São Lourenço o levou para a região dos Pirineus Orientais, na Espanha. Noutra versão, seria um ermitão de nome Juan de Atares.

Ainda, seguindo a rota sugerida nas obras literárias medievais, principalmente em Parzifal(Wolfram von Eschenbach), o cálice teria sido ocultado no monastério de San Juan de La Penha, na cadeia montanhosa dos Pirineus. Neste ponto há uma conexão real entre a obra de Eschenbach e o relato histórico do monge São Lourenço que conduziu o cálice até os Pirineus.

Ainda tomando por base a obra Parzifal, porém, havendo neste ponto um "vácuo histórico", o Santo Graal passa por Zaragoza e surge, desta vez, na Catedral de Valência, na qual há uma pequena capela, construída no século XIV, conhecida como Capela do Santo Cálice. Neste local, aos olhos dos visitantes mas protegido por um sacrário à prova de balas, encontra-se um cálice ostentado há mais de seiscentos anos como o legítimo Santo Graal.

As evidências científicas atestam que esta relíquia foi produzida entre a segunda metade do primeiro século antes de Cristo e a primeira metade do primeiro século da era Cristã. Ainda, esta peça foi produzida em ágata roxa na região de Alexandria ou Antioquia; mas, posterior-mente, já na Espanha, no século XIII, recebeu adornos de ouro e de pedras preciosas como esmeraldas e rubis, tendo o conjunto uma altura de aproximadamente 17 centímetros.

Portanto, é cientificamente comprovado que o Cálice da Catedral de Valência foi produzido no período e região correspondente à versão cristã do Santo Graal. Mas a Igreja não o aceita como uma relíquia religiosa e também não é possível atestar que seja este o cálice que comportou o sangue de Cristo.

Literatura e Simbolismo

Entre tantos aspectos simbólicos atribuídos ao Graal, muitos nasceram na interpretação dos artistas que, ao longo dos séculos, recondicionaram a lenda de diversas formas, principalmente na literatura medieval.

Por volta do ano 1190, o romance de Chrétien de Troyes intitulado Le Conte du Graal, narra a busca pelo cálice. Trata-se de um poema inacabado contendo nove mil versos que abordam a busca pelo Santo Graal. Interessante é que o lendário Rei Arthur não participa diretamente da epopéia, que finaliza sem que o objeto almejado seja encontrado. Esta obra foi o ponto de partida para as obras futuras abordando o tema.

Entre 1200 e 1210, o francês Robert de Boron, publicou Roman de L'Estoire du Graal; o que popularizou ainda mais o tema e inseriu os elementos históricos não muito diferentes dos que são conhecidos atualmente.

Outra obra de Boron, Joseph d'Arimathie, traça conexões simbólicas interessantes ao citar que José de Arimatéia foi ferido na coxa por uma lança. Em outra versão, o ferimento é nos órgãos genitais. Percebe-se, portanto, uma associação entre a lança, arma utilizada pelos soldados romanos, e a espada, principal arma e uma das maiores referências das lendas arthurianas (como a mítica Excalibur). Assim, o ferimento nos genitais sofrido por José em virtude de sua quebra do voto de castidade, associa-se à traição de Lancelot, um dos componentes da Távola Redonda e homem de confiança de Arthur, que tornou-se amante de Guinevere, esposa do Rei.

Nesta mesma época, a obra Parzifal do autor alemão Wolfram von Eschenbach associa o Graal a uma esmeralda também chamada Exillis, Lapis exillis ou Lapis ex coelis (pedra caída do céu). Esta esmeralda seria parte do terceiro olho de Lúcifer, que se partiu quando o anjo se rebelou contra o Reino Divino. Uma das partes desta esmeralda teria sido entregue aos templários para que ficasse protegida de intenções malignas. Deste modo, pode-se entender também que a esmeralda (que neste caso é o Santo Graal) faz alusão à mítica Pedra Filosofal dos alquimistas.

Já na obra Le Grand Graal, continuação de autoria anônima da epopéia de Robert de Boron, o Graal é um livro escrito por Jesus, que apenas aqueles que estivessem "imersos na Graça Divina" poderiam lê-lo e compreendê-lo.

O livro The Holy Grail, Its Legends and Symbolism, de Edward Waite, reúne vários elementos utilizados nas lendas medievais sobre o Graal. Joseph Goering, professor de história da Universidade de Toronto e autor de The Virgin and the Grail (A Virgem e o Graal), acredita que as pinturas datadas do século XII encontradas em oito igrejas nos Pirineus, entre a França e a Espanha, ilustram a Virgem Maria segurando um recipiente luminoso conhecido pelo nome de graal no dialeto local. O americano Dan Brown, autor de O Código Da Vinci, também cita amplamente o Graal em sua obra e conecta a vida de Jesus Cristo, Maria Madalena, Leonardo Da Vinci e outras referências históricas sob uma perspectiva fictícia.

Ainda, seja sob a ótica cristã ou pagã, muitos dos aspectos do Graal estão relacionados com a busca da perfeição. Por exemplo, quando Arthur e os cavaleiros partem em busca do Cálice Sagrado que poderia evitar a queda de seu reinado, estão buscando virtudes como nobreza e justiça.

Arthur e a Távola Redonda podem ser, respectivamente, associados a Jesus e seus apóstolos. Judas Iscariotes é o seguidor que traiu seu líder (Jesus Cristo) assim como Lancelot traiu Arthur ao se envolver com Guinevere. A lança que fere Cristo pode ser interpretada como o elemento masculino; o cálice como o útero feminino. Portanto, há o simbolismo do sangue nobre (de Jesus Cristo) fecundando o "útero mágico" representado pelo Graal.

No entanto, o Santo Graal pode ser uma metáfora que refere-se à própria Maria Madalena que, sendo ela esposa de Cristo (em interpretações, obviamente, não aceitas pela Igreja), seria portadora da linhagem sagrada do Filho de Deus.

Através de uma análise histórica, o Graal pode ser compreendido como a motivação que os cruzados encontraram após a decepção das mal sucedidas batalhas na Terra Santa. Neste caso, o Graal representa um novo ideal de vida aos que foram derrotados pelos "infiéis".

Sob um ponto de vista mais amplo, o Santo Graal, Rei Arthur e a lendária Excalibur são arquétipos distintos que traçam um mesmo conceito: o Rei (líder) virtuoso que, por seus méritos, conquista uma poderosa espada e torna-se invencível, partindo em busca de um objeto mágico capaz de restabelecer a ordem, a paz e a prosperidade em seu reino.

De qualquer forma, na condição de uma relíquia histórica da cristandade ocidental, não é possível avaliar o Santo Graal encontrado atualmente em Valência ou o Santo Graal metafórico do imaginário medieval; pois ambos têm valores distintos e igualmente incalculáveis. O Santo Graal é uma referência secular de valores humanos perdidos que, simbolicamente, serão resgatados por um profeta, um valente guerreiro, um líder de uma nação ou simplesmente por quem se revelar digno de portá-lo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

OS CAVALEIROS TEMPLARIOS!!!!

Ainda que possa ser lida como uma lenda Arturiana, esta história não é nenhuma fantasia.

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, os Templários como são conhecidos, existiu realmente durante um período de 200 anos. Tudo começou quando um Grupo de 9 Cavaleiros decidiram defender a Terra Santa dos Sarracenos e transformou-se mais tarde, na maior e mais poderosa organização secreta da história.

Estes monges guerreiros possuíam muitos tesouros religiosos fabulosos incluindo, assim se dizia, a coroa dos espinhos desgastados por Jesus enquanto padeceu na Cruz. Pensava-se também que eram os guardas daquele que para a maioria seria a maior relíquia Cristã, o Santo Graal.

Os Templários possuíam uma riqueza incomensurável. Os Reis da Europa viviam negociando empréstimos. Criaram muitos aspectos fundamentais do sistema de operação bancária internacional dos nossos dias como a nota de banco e as letras de crédito. Contudo fiéis aos seus votos solenemente jurados de pobreza, os membros individuais desta sociedade secreta eram paupérrimos.

Mas quando os Templários foram destruídos no século XIV, as suas incríveis riquezas desapareceram misteriosamente. Para escaparem à perseguição movida pelo rei Filipe da França (O Belo), o tesouro dos Templários e sua enorme frota atracada em La Rochelle simplesmente desapareceram. Até hoje, o seu "tesouro" nunca foi encontrado.

Os livros de História descrevem também que os Templários estavam na possessão de um grande segredo misterioso. Alguns historiadores sugeriram este pormenor meramente pelo seu relacionamento com o Graal. Mas opiniões mais recentes retrataram a questão de um modo diferente. Esse "grande segredo" pode ter sido um conhecimento particular que, se revelado, punha em causa a nossa visão do próprio fundamentalismo Cristão.

OS MONGES GUERREIROS

Quando as notícias de sucesso por parte dos cruzados chegavam à Europa houve uma grande exaltação. Dos locais mais remotos do continente, peregrinos punham-se em marcha rumo à Terra Santo esperando ver a cidade onde tantos episódios da vida de Jesus Cristo se tinham desenrolado. Mas estas peregrinações começavam a criar consideráveis problemas para os governadores de Outremer — o nome Francês para ‘terras do ultramar ou além-mar’.

Um reino Cristão tinha sido rapidamente estabelecido para delinear os territórios conquistados durante a primeira Cruzada. Mas não trouxe a paz para a região. Os Cristãos continuavam cercados por estados Islâmicos hostis. Os Turcos e os Muçulmanos que perderam muitas das suas terras para os Cristãos, não estavam dispostos a simplesmente desistir.

Em cinqüenta anos os Turcos Sarracenos tinham feito severas investidas no Novo Reino. Havia ataques contínuos e assaltos às habitações Cristãs. Os descontraídos Peregrinos viajando por terra desde a costa até Jerusalém eram particularmente alvos fáceis. Num único incidente em 1119, por exemplo, um grupo de peregrinos fora cercado por bandidos Sarracenos e foram mortos cerca de 300. E em 1120, guerras entre Sarracenos podiam ser observadas na parte exterior das muralhas de Jerusalém.

Mas nesse tempo, muitos dos cruzados originais tinham regressado com as suas riquezas saqueadas para a Europa. Agora que a missão do Papa para recapturar a Cidade Santa estava completada, o seu trabalho estava feito. Na Europa, as suas famílias esperavam-nos para os receber como heróis conquistadores. Isto fez com que muito pouco soldados hábeis ficassem a defender os novos residentes e seus visitantes peregrinos.

Duas novas Ordens militares tinham aparecido com a Igreja, centradas em Jerusalém. Uma das quais os Hospitalários — Cavaleiros de S. João — cujo objetivo pacífico original se inclinou para os doentes e feridos em Outremer. As ambulâncias atuais de S. João descendem diretamente da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários.

O objetivo consideravelmente mais perigoso de proteger os peregrinos dos ataques Sarracenos era levada a cabo por Hugues de Payen, um nobre Francês que chegou quando da primeira cruzada. Em 1119, de Payen oferecia os seus humildes serviços ao primeiro rei de Jerusalém Baldwin I. Ele, juntamente com mais oito colegas cavaleiros, devotaram-se a policiar as rotas usadas pelos peregrinos.

Em face disto, o cenário tornava-se absurdo. Que hipóteses teriam nove homens contra um ataque Sarraceno? Mas eventualmente os nove fizeram um trabalho extraordinário. De fato, Baldwin estava tão impressionado com os seus esforços que lhes ofereceu a mesquita de Al-Aqsa. E esta mesquita tinha sido construída num sítio que antes fora ocupado pelo próprio Templo Sagrado de Salomão. Consequentemente, foi esse o nome que Hugues de Payen deu à nova Ordem:

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão — Cavaleiros Templários.

Eram ‘pobres’ cavaleiros porque eles eram também monges. Tinham feito os votos usuais de pobreza, castidade e obediência para com os seus superiores.

E
ram freqüentemente ilustrados em pares cavalgando um único cavalo. Ou eram realmente pobres, ou simplesmente representava a sua nobre pobreza, o desconhecimento do significado é total.

A
noção heróica de nove destemidos monges guerreiros valentemente defendendo os peregrinos em viagem contra as investidas Muçulmanas não deixou de apreender a imaginação das pessoas nesse tempo. Hoje, o conceito de homem de Deus manejando espadas sangrentas no campo de batalha é inconcebível. Mas nesse tempo, uma selvagem campanha dos cruzados para capturar a Terra Santa era perfeitamente aceitável.

A
terrível carnificina infringida os Muçulmanos durante a própria cruzada, tinha ela própria sido abençoada pelo Papa em nome de Deus.

A
lguns começaram a imaginar os Templários com uma reverência romântica e ofereciam-se como novo recrutas. A Ordem cresceu; lentamente no início, depois mais célere. Eram treinados como guerreiros, e tornavam-se grandes cavaleiros de guerra. As suas atividades também variavam. Do papel principal de proteger os peregrinos, gradualmente se tornaram vistos como defensores militares da Terra Santa.

O
fundador da Ordem e seu primeiro Grande Mestre, Hughes de Payen, era evidentemente um homem de uma habilidade impressionante. Desde o seu humilde início, os Cavaleiros Templários sobre a sua orientação tornaram-se numa organização disciplinada de profissionais de elevada destreza, com uma eficiente estrutura de comando. Enquanto a Ordem era pequena, todos os cavaleiros obedeciam a um único Mestre. Posteriormente, outros passos foram dados na criação de uma hierarquia, com papéis mais específicos.

O Grande Mestre era responsável por toda a Ordem. Aquém deste, diversos Mestres eram eleitos para cada uma das províncias onde os Templários permaneciam. Para cada Cavaleiro no terreno, havia ao lado deste dois ou três "sargentos". Estes eram homens que ainda não tinham um compromisso definitivamente firmado com os Templários. Poderiam ser guerreiros — 'sargentos-de-armas' — ou podiam servir de uma maneira mais pacífica em certas Casas ou Conventos dos Templários

M
antendo o compromisso de pobreza, os cavaleiros usavam roupa simples, que contrastava com o ornamento dos cavaleiros nesse tempo. Usavam uma cobertura lisa de cor branca — posteriormente adornada com a famosa cruz vermelha — que significava a sua pureza e dedicação. Em campanha, os templários nos seus cavalos de guerra usavam armaduras de malha metálica. Os seus sargentos usavam armadura mais leve e podiam combater em terra se necessário fosse.

Na sua primeira formação os Cavaleiros Templários não criavam grande excitação. Havia a tendência nesse tempo para novas Ordens aparecerem e desaparecerem, de acordo com as necessidades do momento. De regresso a casa, os Cavaleiros Templários recebiam o apoio do mais poderoso professor de moral da Europa desse tempo. Esse homem era Bernardo de Clairvaux. E o apoio e evangelização de Bernardo, levou a que se constituíssem como uma ordem com benção do Papa em 1129. Tendo começado a ser vistos na Europa como novos heróis em conseqüência dessa medida.

Com a benção oficial do Papa, os Cavaleiros do Templo podiam ativamente começar a recrutar novos membros. E — mais importante ainda — podiam começar a ganhar dinheiro. Os representantes da ordem foram enviados através da Europa numa campanha para angariar donativos para a causa. Poucos se aperceberam o quão fácil isso se iria tornar.

A tarefa dos Templários tornou-se famosa através da Europa. Eram vistos como nobres guerreiros defensores da Terra Santa dos odiosos Sarracenos. Estes indivíduos eram ainda humildes e verdadeiros devotos a Deus.

Assim, outros usaram as cruzadas como uma oportunidade para "encherem os bolsos". Mas estes Cavaleiros peculiares juravam votos de pobreza e castidade. A sua lendária bravura era tipificada num outro voto — eram expressamente proibidos de se retirarem do campo de batalha a não ser que a inferioridade numérica fosse de três para um.

Em áreas relativamente calmas da Europa central, circulavam histórias acerca dos Templários (sem dúvida muito exageradas durante a longa jornada para Outremer) que devem ter inspirado uma tremenda devoção para com estas figuras românticas. Quando às pessoas era pedido apoio para a Causa Templária, os donativos fluíam facilmente.

Estes donativos não eram as habituais ofertas de caridade — umas moedas aqui e ali. Os Templários juntavam fortunas, tanto em ouro como em propriedades. Muito antes de lhes terem sido dadas propriedades em França, Espanha, Portugal e Inglaterra, com pedaços consideráveis na Escócia, Áustria, Hungria, Alemanha e no Norte de Itália. Poucos foram tão generosos com o rei Afonso I de Aragão, que à sua morte em 1134 testamentou que lhes fosse concedido um terço de todo o seu reino no Nordeste de Espanha, que atualmente é preenchido pelas atuais regiões de Aragão e Catalunha. As pessoas mais pobres davam tudo o quanto pudessem.

Tipicamente, as concessões eram feitas por senhorios aristocratas com bastantes terras. Assim — tomando um exemplo de entre centenas — em 1141 Conan, duque da Bretanha, deu à ordem uma pequena ilha da costa Bretã, e também uma renda anual de boa parte das suas propriedades algures na parte Norte da França.

Porque estavam tão numerosas pessoas preparadas para dar o seu dinheiro e propriedades em favor da Ordem? Sem dúvida, ofertas de caridade com intuitos religiosos eram vistos como uma via para ganhar a salvação depois da morte — efetivamente comprando uma passagem para o céu. Mas também, sobre a influência de padres poderosos como é o caso de Bernardo, os objetivos limitados da Ordem no Oriente eram exagerados até que o seu papel foi visto como os defensores da cristandade num todo. As pessoas metiam as mãos bem no fundo dos seus bolsos. No fim do décimo segundo século, William de Tyre escreveu: "Não existe neste momento uma região no mundo cristão que não tenha transferido uma parte das suas riquezas para estes irmãos"

Tudo isto contribuiu para aumentar consideravelmente o número dos Templários. Não somente precisavam de cavaleiros e de "irmãos" para tomar conta das suas casas na Europa, como 300 novos Cavaleiros tinham partido para o Médio Oriente nos finais de 1120. E posteriormente, continuou a haver um fluxo contínuo. Assim como, a sua posição era vastamente fortalecida em 1139 quando o Papa Inocêncio os libertou de qualquer superior real. Daí em diante eles eram apenas questionados pelo próprio Papa. Ninguém protege o Papa como o seu Mestre.

Como muitos esperavam, com tamanha acumulação de riqueza e poder, a nova Ordem tinha os seus críticos. Não tendo que prestar contas a ninguém, eram freqüentemente acusados de arrogância. E os seus negócios, conduzidos em segredo, fizeram transpirar profundas suspeitas acerca das suas atividades. Muitas figuras religiosas reprovavam o seu desempenho de guerreiros de Cristo. O que poderá ser menos cristão do que massacrar seres humanos numa batalha, ou saquear cidades? Rumores persistentes também se espalharam dizendo que a atividade principal dos Cavaleiros do Templo era secreta e esotérica. Como Guigo, um famoso monge Europeu, escreveu para a nova Ordem em 1129:

"É inútil para nós atacarmos os inimigos exteriores, sem que primeiro tenhamos conquistado aqueles que estão no interior".

Os Templários obtiveram uma reputação de secretismo. Mas os que os apoiavam em muito superavam os detratores, tanto em número como em autoridade, e assim a ordem prosperou no Oriente e no Ocidente, entretanto, foi somente com a segunda Cruzada de 1147 que os Cavaleiros Templários se tornaram realmente proeminentes.

A ORDEM PROSPERA

E m meados do século XII, o controle cristão na Terra Santa encontrava-se fragilizado, em 1147, o rei Alemão Conrad III e Luis VII da França, apelavam a uma segunda Cruzada para fortalecer o reino cristão no Oriente. O Papa Eugenius III deu a esta campanha a sua benção e Bernardo de Clairvaux clamava apoios com os seus sermões.

Na altura da segunda Cruzada, os Templários da Europa estavam em situação de enviar várias centenas de Cavaleiros para Outremer. A experiência adquirida a proteger peregrinos ser-lhe-ia de capital importância para proteger a missiva armada Européia na sua movimentação através da Terra Santa. Os Templários, ganharam a confiança dos líderes reais das cruzadas, com o apoio financeiro e militar. E combatem ferozmente durante a campanha.

Mas esta segunda Cruzada tornar-se-ia um desastre. Os Franceses e Alemães sofreram graves perdas nas suas batalhas com os Turcos. Em fins de Janeiro de 1148, os cruzados estavam severamente enfraquecidos e praticamente sem cavalos. Luis VII já tinha que chegasse. Este regressou a casa, assumindo a grande responsabilidade pela campanha dos Templários.

Se bem que, para lá dos desastres que ocorreram durante a segunda Cruzada, os Europeus sobreviveram intactos, e era claro que os Templários estavam ali para ficar. Estes, eram ricos em propriedades, e ganharam grande parte de território pela conquista. No terrenos desertos do Médio Oriente estabeleceram uma cadeia de fortificações. Por volta de 1180 os Cavaleiros do Templo tinham uma rede de castelos para se defenderem contra invasões e agir como depósitos de mercadorias e pontos de passagem. Estes castelos eram construídos de maneira pessoal, e eram os mais fortes do mundo. Novos recrutas chegavam da Europa para orientar essas fortificações.

Eram também a armada mais disciplinada e organizada daquele tempo e não tinham dificuldade em recrutar novos homens de calibre superior para a Ordem. Por volta de 1180, havia cerca de 600 cavaleiros no Oriente, juntamente com 2000 ‘sargentos’ e talvez 5000 cavalos de guerra. E cada combate travado, por menor que fosse, aumentava-lhes a experiência.

Os Cavaleiros eram guerreiros dedicados, conduzidos pela mais severa disciplina monástica. Não tinham qualquer medo de morrer. E para simbolizar a sua dedicação para morrer como mártires em defesa da Terra Santa, a sua original vestimenta branca era adornada pela então famosa cruz vermelha.

Mas a maré da guerra estava mudando. Nos anos de 1170, o grande líder Sarraceno Saladino conseguiu unir os setores rivais do Islão numa só força. À volta do reino cristão de Jerusalém, Saladino governava as terras do Egito para o sul e efetivamente conduzia também a Síria na parte Norte. Os anos de tolerância entre os cristãos e muçulmanos no Médio Oriente tinham chegado ao fim. Agora era a guerra aberta. E era uma guerra que Saladino estava progressivamente a ganhar. A ajuda do Ocidente mostrava-se muito vagarosa na sua chegada. Os habitantes de Outremer estavam por conta própria.

Os próprios muçulmanos desenvolveram a sua própria seita de monges guerreiros. Os Assassinos eram o equivalente muçulmano dos Templários ou os Hospitalários. Mas, os Assassinos eram ainda mais fanáticos. Assim como tomando lugar em todas as operações militares, eram especialistas treinados para atingirem pessoas singulares. A palavra ‘Assassin’ é a forma inglesa de Hashishyun, que quer dizer ‘comedores de hashish’. Era relatado que o seu primeiro líder, conhecido como ‘O Velho das Montanhas’ tinha por hábito usar drogas para escolher objetivos e descrevia visões do paraíso, antes de enviar os seus homens em missões sinistras.

Os Assassinos eram fanaticamente leais ao seu Mestre. O sobrinho de Ricardo Coração de Leão, Henrique de Champagne, visitou uma vez uma fortaleza Assassina na Síria na tentativa de negociar um tratado de paz com os muçulmanos. Para impressionar o visitante com a absoluta obediência dos seus homens, este ordenou a vários Assassinos um por um a atirarem-se para a morte das muralhas do castelo. Conta-se que Henrique ficou visivelmente perturbado com esta cena suicida que tinha presenciado.

Estas fortificações Assassinas estavam implantadas através das montanhas do atual Líbano e Síria e constituíam uma constante ameaça para as fronteiras Nordeste do reino cristão. Mas os Assassinos também não eram amigos de setores rivais islâmicos, os quais eram atacados pelo menos tantas vezes quantas os Cristãos.

Em 1173, o rei Amalric I de Jerusalém recebeu uma mensagem do próprio Velho das Montanhas, propondo-lhe a paz. Amalric entendeu que tal proposta não só deixava mais seguras as fronteiras, como também abria fissuras no próprio Islão cada vez mais espalhado. Aceitou fazer a paz com os Assassinos.

Os Templários tinham por esse tempo assumido papeis adicionais. A sua honestidade e integridade eram contudo inquestionáveis. E eram o melhores guerreiros no reino. Ambas qualidades ideais para transportarem dinheiro dentro do reino. Eram, de fato, o ‘carro blindado’ medieval. Eram também os coletores de impostos perfeitos. Ninguém se atrevia a enfrentar um Cavaleiro do Templo.

Amalric, no seu tratado com os Assassinos, apressadamente disse aos Templários para pararem de receber impostos no território dos Assassinos. Mas os Templários não gostavam que ninguém fizesse promessas em seu nome — mesmo sendo o rei. Abdullah, o agente Assassino, foi emboscado no caminho quando regressava das negociações com Amalric. Foi morto por um Templário com um só olho de seu nome Walter de Mesnil. Amalric estava furioso. O seu bem traçado plano de paz com os Assassinos tinha sido sabotado.

E
ste incidente serve para ilustrar o elemento de desconfiança que começou a partir daí a tingir a impecável reputação dos Templários. Eles podiam agir independentemente do rei. Isto, argumentavam alguns, era típico da arrogância dos Templários, juntando-lhes vagas acusações de subornos. Eram altamente suspeitos do que exatamente os Templários tinham debaixo da sua manta de secretismo. Mas ultimamente Amalric e outros oponentes dos Templários tinham que engolir a sua ira e tolerar os Cavaleiros. Eram sem dúvida alguma a força de combate suprema em Outremer. Sem a sua experiência de combate — a sua bravura, plano tático e disciplina de guerra — o reino nunca poderia sobreviver. Sem os Templários e as outras Ordens militares, a ocupação Cristã do Médio Oriente teria rapidamente terminado.


A TERRA SANTA PERDEU-SE

C omo uma máquina da guerra, a ordem tinha-se tornado tão temida pelo inimigo que Saladino, o qual raramente era misericordioso com os prisioneiros de guerra, fazia questão de executar todo o Templário ou Hospitalário que lhe viessem ter às mãos. Respeitava, contudo as insígnias do estandarte de batalha dos Templários — uma cruz vermelha de oito pontas num fundo branco. E teve boa razão para assim o fazer. Em 1177, por exemplo, numa força de 300 cavaleiros, conduzida pelo rei de Jerusalém, Baldwin IV, derrotou um exército maciço de 26 000 turcos, curdos, árabes, sudaneses e marmelukes.

Este período da rápida expansão para os cavaleiros chega ao fim com a batalha de Hattin em 1187. Tendo-se a batalha dado perto do mar de Galileia em Israel moderno, esta foi uma das batalhas mais dramáticas de toda a história mundial. O exército de Saladino de 60 000 homens saiu vitorioso do encontro com 25 000 cristãos. Durante os dois dias da batalha, Saladino usou o terreno e o clima brilhantemente em sua vantagem. Atacou as forças cristãs em deserto aberto, no calor flamejante, em terreno sem água. Ajustou o ataque ao favor do vento de modo que o fumo denso adicionado à sua miséria e servido como a tampa para suas tropas. As setas choveram severamente para debaixo dos Europeus prostrados. 230 cavaleiros morreram na batalha, ou foram executados imediatamente após. Estas execuções eram uma medida do respeito de Saladino para com os cavaleiros. Indubitavelmente trariam ricas recompensas ou mesmo preços elevados nos mercados de escravos por onde passassem as suas vidas.

Ao fim de um ano, Acre e Jerusalém tinham caído. Saladino apagou todos os traços do Templários demolindo todos os seus edifícios. Logo o único posto cristão principal era o porto de Tyre. Embora a terceira Cruzada (1189-92), que trouxe Ricardo Coração de Leão à Terra Santa, conseguisse recapturar Acre, os cristãos nunca conseguiram reconquistar Jerusalém. O cervo saiu simplesmente do reino de Outremer. Acre transformou-se na nova capital, e os Templários moveram de lá os seus quartéis.

Mas quando Saladino morreu em 1193, as seitas islâmicas rivais recomeçaram as suas querelas. Os cristãos lutavam para reconquistar território, e suas fortunas desvaneceram-se. Havia algumas vitórias, mas havia também derrotas terríveis. Muitos Templários caíram na batalha de la Forbie (perto de Ghaza, em Israel moderno) em 1244 e somente 33 cavaleiros foram deixados em todo Outremer. O fim estava perto.

E
m meados de 1250, uma nova dinastia se tinha erguido no Egito. Os Mamelukes, ex-escravos de combate dos Sarracenos, levantou-se sob o comando do Sultão Baybars, um homem cuja barbaridade e sangue-frio era equivalente aquele dos primeiros cruzados. Fortificação após fortificação, cidade após cidade, caiu para os egípcios. Os habitantes fugiram, e todo o Templário que sobrevivesse às batalhas era decapitado. Em 1270, os Templários deixaram de ser uma presença significativa na Terra Santa. E em 1291, após a queda dramática de Acre, os últimos Europeus deixaram o Médio Oriente.

O
s restantes Templários escaparam-se com seus tesouros e relíquias religiosas para Chipre, onde colocaram o seu quartel General em Limassol. Aí se tentaram reagrupar antes de confrontar o inimigo uma vez mais em Outremer. A maré da opinião popular na Europa, entretanto, começou a inverter-se de encontro a eles inexoravelmente.

DE GUERREIROS A BANQUEIROS

N o espaço de uma dúzia de anos desde a fundação da ordem, tinha sido dado aos Templários lotes extensivos da terra européia. Rapidamente tiveram que estabelecer uma estrutura administrativa para lidar com todas essas benesses. Cada região de Europa foi dividida em províncias, cada uma com o seu próprio mestre, e cada província foi dividida em "baillies". O trabalho das casas Européias dos Templários devia fornecer o dinheiro e os bens para a guerra no leste. Um terço da renda — em dinheiro — era pago por estas casas da Europa para suportar o esforço da guerra.

No fim do século XIII havia várias centenas de casas dos Templários na Europa. A vasta maioria estavam situadas no que é agora a França moderna, mas havia também fortes implantações em Portugal e na Espanha ocidental, e uma certa emergência na Inglaterra e Itália. Tanto como 9000 terras arrendadas de Templários desde a costa atlântica à Polônia oriental, e da Escandinávia à Sicília.

Num curto espaço de tempo os Templários encontravam-se num papel inesperado. Tornaram-se nos primeiros Banqueiros Internacionais do Mundo.

A moeda nesses dias era ouro ou prata e valia simplesmente o seu próprio peso, quer fossem dinars árabes ou solidi italianos. Vamos supor que você planeou uma viagem de Inglaterra a Itália. Você ficaria relutante em transportar dinheiro em moeda consigo. Isso seria demasiado arriscado. Mas com a sua rede de casas e dos castelos, os Templários poderiam dar-lhe uma nota (a nota de banco original) como prova que você tinha depositado uma determinada quantidade em dinheiro num dos seus centros em Inglaterra. E apresentando essa mesma nota numa casa de Templários em Itália, ser-lhe-ia devolvida essa mesma quantidade de dinheiro.

Inicialmente os Templários estavam menos "aptos" com as transações financeiras dentro da Europa do que da Europa com a Terra Santa. Coletavam impostos em Outremer e asseguravam que tais impostos alcançavam com segurança os seus destinos. No século XII emprestaram dinheiro aos cruzados assim como aos reis. Agiam também como agentes para pagamentos de compensações e transferência mais segura dos fundos para a guerra na Terra Santa.

Pelo décimo terceiro século, os Templários possuíam uma frota no Mediterrâneo. Originalmente, isso era para o transporte dos peregrinos de Marselha ou da Rochelle para a Terra Santa, mas transportavam também bens para venda ou revenda no Médio Oriente. E na viagem de retorno podiam trazer escravos ou outras especiarias orientais exóticas para a Europa.

O movimento do dinheiro e facilidades de crédito deve ter crescido juntamente com este transporte de peregrinos. Eram precisamente esses peregrinos que necessitavam o seu dinheiro protegido, e que tiravam partido de facilidades de crédito na própria Terra Santa. Ficavam muito mais felizes usando os Templários para estas operações do que algumas das casas de operação bancária rivais que surgiram rapidamente na competição. Os Templários podiam oferecer um melhor serviço em todo o local. Podiam protegê-lo assim como ao seu dinheiro. E seus votos da pobreza fizeram-nos totalmente dignos de confiança.

Reis e nobres de toda a Europa tiraram rapidamente vantagem da garantia dos Templários pela segurança e honestidade. O Rei Henrique II de Inglaterra depositou muitos dos seus artigos de valor nos Templários de Londres, fundados em 1185. Em 1204-5 o rei João deixou mesmo as jóias da coroa nos seus cofres, assim como o seu sucessor Henrique III em 1261 durante a revolta dos Barões. Forneceram empréstimos — para os quais era tirado dividendo — às casas reais. Na Inglaterra, as próprias jóias da coroa foram usadas paralelamente para garantir um particularmente grande empréstimo ao rei Henrique.

Eram também os banqueiros do Papa na Terra Santa, e os impostos coletados em seu interesse. Na Espanha a Ordem teve um monopólio virtual no dinheiro emprestando. Na França os Templários eram os banqueiros da família real durante mais de um século, e na Inglaterra fizeram um papel similar durante os reinos de João e de Henrique III. Porque Inglaterra era uma fonte particularmente rentável dos Templários, não é nenhum exagero dizer-se que colocaram as "pedras nas fundações" de Londres para se transformar no principal mercado financeiro internacional que é hoje.

Em muitas partes da Europa foram concedidas isenções de taxas locais e nacionais, dos pedágios, das demandas arbitrárias pelo barão ou pelo rei local. É impossível calcular-se a riqueza dos Templários. Mas considere o fato que em meados do século XII a renda das suas propriedades inglesas somente, eram avaliadas em £5 200 — o que eqüivaleria hoje a cerca de £8-12 milhões. E lembre-se, isto apenas em Inglaterra. A vasta maioria das suas propriedades estavam situadas em França e outras partes do continente.

A sua participação na política era uma extensão natural do seu envolvimento nos casos financeiros das casas nobres e reais da Europa. Tendo em conta que os Templários vinham preferencialmente dos extratos superiores da sociedade, tinham uma rede "já feita" dos amigos e dos parentes em lugares de topo. Há muitos exemplos dos papéis de influência que jogaram em eventos da política. Quando o rei João morreu em 1216, o seu filho Henrique tinha nove anos. Assim, por diversos anos Inglaterra foi governada por um comitê. Este comitê incluiu o mestre do Templo, e era encabeçado por um seu grande amigo pessoal. Em 1259, o parlamento inglês usou o Templo de Londres como seu lugar de reunião. E mais cedo, em 1164, o mestre dos Templários de Inglaterra, Richard de Hastings, tinha tentado usar a sua influência para reconciliar Henrique II com o seu "turbulento" padre, Becket de Thomas.

Histórias similares podem ser relatadas noutros locais da Europa. Em Aragão (parte da Espanha moderna), quando o rei James I ainda criança recebeu o trono em 1213, os nobres Aragoneses escolheram o Mestre Templário local para tomar conta da criança no Templo de Monzón. Este tornou-se o seu conselheiro durante todo o seu reinado.

Assim como providenciando serviços financeiros e políticos na Europa, os membros da Ordem estavam também disponíveis para as cruzadas. Tendo a Guerra Santa no oriente sido perdida, jogavam um papel principal nas guerras internas contra os Mouros na Espanha.

Mas o papel dos Templários no Ocidente era bastante diferente daquele exercido no Oriente. No Ocidente eram agricultores, agentes de viagens e financeiros. No Oriente eram guerreiros temidos.


GUARDAS DAS SAGRADAS RELÍQUIAS

Além das propriedades, enormes reservas de dinheiro, os Templários eram também ricos em relíquias.

As relíquias eram os restos das pessoas ou coisas que tinham sido caracterizadas nas histórias do Novo Testamento. Uma relíquia popular era naquele tempo um pedaço de madeira da cruz verdadeira — a cruz em que Jesus foi crucificado. Outra era a cabeça de S. João Batista. Os povos na idade média tinham uma adoração desesperada por relíquias, que veneravam com admiração. Mas como seria de esperar, havia uma abundância de fraudes. Diversas cabeças de João Batista estavam em circulação. E havia bastante lascas da madeira da verdadeira cruz que davam para fazer uma enormidade de crucifixos!

Os Templários tinha em sua posse a coroa dos espinhos, tirada da cabeça de Cristo. Tiveram também o corpo da mártir Santa Eufémia de Chalcedon (julgava-se ter poderes de cura divinos). Tiveram uma cruz feita de um banho usado supostamente por Jesus, uma cruz de bronze feita da bacia que Jesus usava para lavar os pés dos seus discípulos na última ceia, e uma coleção apreciável de outras relíquias. O escritor popular Ian Wilson, no seu livro best-seller The Turin Shroud, é levantada a questão que eles compraram também o lençol em que Cristo foi envolvido no seu túmulo na Terra Santa.

Mas a relíquia mais estimada era o próprio Santo Graal — o cálice que Jesus usou na última ceia. Era comentado que tinha sido descoberto enterrado no velho templo de Salomão em Jerusalém. No princípio do século XIII o poeta alemão Wolfram von Eschenbach visitou Outremer especialmente para aprofundar o estudo da Ordem. É verdade, admitiu ele. "Os Templários possuíam certamente o Santo Graal". Este foi mais tarde corroborado por Trevrizent, que declarou: "é sabido que muitos formidáveis guerreiros repousam em Munsalvaesche com o Santo Graal".

A verdade remanescerá provavelmente sempre em mistério uma vez que todos os casos de Templários foram conduzidos em segredo. Todo o membro da Ordem que revelasse os procedimentos das reuniões dos Templários era punido com a expulsão. Eram proibidos de fazer cópias das estátuas dos Templários e das regras da Ordem, para não caírem nas mãos erradas. Era esta não mais do que uma aplicação do princípio de que nas épocas de guerra, 'Conversas descuidadas custam vidas?' Ou guardavam algum segredo mais sinistro? Muitos de seus contemporâneos acreditaram no último.

O JULGAMENTO

E ra Sexta-feira, 13 de Outubro de 1307. Um dia fatal para os Templários, e lembrado supersticiosamente ainda nos nossos dias como a azarenta ‘Sexta-feira 13’. Ao fim da tarde, agentes do rei Filipe IV atacaram. Num assalto fulminante, acusaram e prenderam Templários por toda a França. A data tinha sido escolhida pela coincidência da visita à França de vários líderes Templários, incluindo o próprio Grande Mestre Jacques de Molay. Mas quando os agentes entraram no Templo em Paris, sede dos Templários, descobriram que todos os documentos e, mais importante ainda para Filipe, o tesouro tinha sido removido. Os agentes também tentaram capturar a frota Templária, a maior da Europa, que estava atracada em La Rochelle. Mas uma vez mais se frustrou a intenção — a frota já tinha partido. Até hoje a vasta riqueza dos Templários nunca foi encontrada. Nem tão pouco foi descoberto para que porto a frota seguiu — ou onde atracou. Mas os Templários não tentaram esconder-se e na manhã seguinte, vários milhares tinham sido feitos prisioneiros.

Juridicamente falando, essas prisões eram ilegais. Os Templários respondiam unicamente ao Papa. Mas o atual Papa, Clemente V, devolveu essa condição para Filipe. O rei Francês que transferiu o assento papal de Roma para Avignon em França, pediu essa cedência. Filipe esteve também por trás da morte suspeita do precedente Papa, deixando assim o trono papal livre para Clemente.

Inevitavelmente, o Papa toma o partido de Filipe. E com apoio papal, ataques similares foram feitos aos Templários através da Europa. Iriam ser todos levados a julgamento. Aqueles que acatavam as acusações levadas contra eles eram abandonados com uma mísera pensão, deixados na miséria ou ainda como pedintes. Qualquer um que recusasse era encarcerado para toda a vida. Mais de 120 foram queimados na fogueira. Após as torturas, confissões e execuções, Clemente V aboliu oficialmente a Ordem dos Cavaleiros Templários a 22 de Março de 1312.

O Grande Mestre patriarca, Jacques de Molay, foi um dos que confessou. Mas a 14 de Março de 1314, enquanto ele era exibido no exterior da catedral de Notre Dame em Paris para ouvir a sua sentença de prisão perpétua, De Molay discursou uma dramática declaração:

"Penso verdadeiramente" — proferiu ele, "Que neste solene momento eu deva proferir toda a verdade. Ante o céu e a terra, e com todos vocês aqui como minhas testemunhas, eu admito que sou culpado da mais grotesca das iniquidade. Mas essa iniquidade foi eu ter mentido ao ter admitido as grotescas acusações emitidas contra a Ordem. Declaro que a Ordem está inocente. A sua pureza e santidade estão acima de qualquer suspeita. Eu admiti de fato que a Ordem era culpada. Mas unicamente assim agi para evitar contra mim as terríveis torturas — A vida foi-me oferecida, mas pelo preço da infâmia. Por este preço, a vida não vale a pena ser vivida."

Como publicamente retratou a sua confissão, Jacques de Molay, o último de 22 Grandes Mestres da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e Templo de Salomão, foi queimado vivo em Paris. E enquanto expirava, amaldiçoou o rei Francês e o Papa. Disse que no prazo de um ano seriam chamados a prestar contas pela perseguição aos Templários. Apenas um mês depois, o Papa Clemente V faleceu, aparentemente de causas naturais. A 29 de Novembro do mesmo ano, Filipe IV morreu também num acidente a cavalo enquanto caçava. Teriam assim os Templários poderes ocultos? Teria realmente efeito a praga de Molay?

Mas porque terá tudo isso acontecido? Que fizeram os Templários? Nos julgamentos, eles eram acusados de heresia — de participar em práticas obscenas, cuspindo na imagem de Cristo e adorando ídolos (especialmente uma cabeça chamada Baphomet). Eram acusados de bruxaria. Foram ainda acusados de homossexualidade.

Para tentar compreender as razões pela qual os Templário caíram em desgraça, precisamos de retroceder no tempo. Já mencionamos acusações de arrogância e avareza espalhadas pela sua história. Foram fundados com uma nobre causa — defender a Terra Santa. Mas a Terra Santa já tinha sido tomada. Eles tinham falhado, para além de todas as despesas e percas de vidas — e o povo ressentia isso mesmo. Argumentavam que os Templários se encontravam demasiado ocupados tratando dos seus próprios negócios, ou combatendo Ordens rivais, para que pudessem manter uma defesa segura na Terra Santa. Talvez eles tenham até colaborado com o inimigo. Mas este ressentimento era dirigido não só ao Templários, mas também aos Hospitalários e aos Cavaleiros Teutônicos, os quais eram igualmente 'culpados' pela perca de Outremer.

Então que haveria de tão terrível acerca dos Templário, para estimular as hostilidades do rei Filipe IV? E isto para além do fato deste ter já fortes relações com a Ordem. Jacques de Molay era padrinho do seu filho. E quando Filipe se viu confrontado com uma sublevação popular em 1291 em Paris, o rei escolheu o Templo como refúgio. Eram também os banqueiros reais.

Em primeiro lugar, havia a resistência própria a mudanças. Através da sua história houve chamadas para a unificação com os Hospitaleiros. Os Templários objetaram sempre. Mas recentemente o influente escritor Ramon LHull renovou a chamada para a unificação. Este tinha em mente um rei guerreiro cavalgando à frente das ordens unificadas expulsando os Muçulmanos para fora de Espanha e da Terra Santa. Isto era música para os ouvidos do Rei. Via-se a si próprio tal qual esse rei guerreiro. Sugeriu mesmo ao Papa que os reis Franceses deveriam ser os Mestres desta Ordem unificada, com acesso livre aos ganhos extras de todas as Ordens! Portanto não restam dúvidas pela constante resistência dos Templários à unificação.

Em 1305 Filipe candidatou-se inclusive, a juntar-se à Ordem. Mas os Templários breve se aperceberam que um homem com a sua enorme ambição nunca estaria satisfeito enquanto não tivesse disposto de tudo. Rejeitaram a sua candidatura, sem qualquer explicação.

Eles tinham recusado o rei! Como governante de um maior e mais poderoso reino que os seus predecessores, Filipe considerava-se a si próprio quase divino. Como se atreviam eles a recusá-lo!

Para uma satisfatória explicação contudo, deveremos ter em conta uma razão muito simples: ganância. Filipe encontrava-se quase falido. tinha herdado dívidas enormes do seu pai e das guerras contra a Inglaterra e Flandres. Um dos conselheiros mais próximos do rei, William de Nogaret, sugeriu a que a solução mais simples para solucionar a crise financeira de Filipe era confiscar o máximo que pudesse da fortuna dos Templários. O desonesto William já tinha sido excomungado em 1304 por ter feito parte na tentativa de rapto do Papa Bonifácio VIII. Nessa altura, estava meramente cumprindo ordens do rei Filipe.
O Rei vinha olhando para ele próprio como o chicote contra a heresia e o purificador do reino. Em 1306, tinha expulsado os Judeus de França, remetendo-lhes vagas acusações de sacrilégio e bruxaria. Se William pudesse fornecer provas que também os Templários eram heréticos e bruxos — e que a sua fé cristã estava em perigo de ser poluída — então poderia legitimamente avançar. Não eram os Templários, então, notoriamente secretos? Havia muitas considerações acerca do seu ‘grande segredo’. O que era? Para eles que amealharam tamanhas riquezas ao longo de dois séculos, supostamente devia ser algo de muito poderoso — talvez mesmo oculto.

William apoiava um rancoroso renegado Templário de seu nome Esquin de Florian de Béziers, que tinha sido expulso da Ordem. Esquim já se tinha aproximado do rei de Aragão, oferecendo-lhe a venda do ‘grande segredo’ dos Templários. Ao mesmo tempo tinha-os acusado de blasfêmia e todo o tipo de práticas escandalosas. William tinha forjado tudo isso. Com a ajuda de Esquin, arranjava maneira de colocar espias nas Casas Templários. A plataforma estava montada para as grandes detenções. E, como William esperava, para o melhoramento das finanças do rei.

Mas o plano correu mal de todo. Depois de terem terminado todos os seus julgamentos, o Papa entregou todas as propriedades e bens aos Templários que estes puderam reaver não do rei Francês, mas sim dos Hospitalários!

O FIM DA ORDEM

E assim foram feitas as primeiras prisões e interrogatórios. As autoridades na Escócia e em Portugal mostraram-se relutantes em entregar os seus Templários à Inquisição. Na Escócia, Robert the Bruce foi excomungado e não tomou qualquer previdência. Mas noutros locais centenas de membros da Ordem foram entregues — na sua maioria, obviamente simples membros em vez de cavaleiros, uma vez que a maioria deles se encontrava em Chipre.

A
ssim são descritos os retratos plausíveis, o que acarreta um enorme problema. E se as acusações de heresia e bruxaria fossem apenas um "complot" para o rei Francês ficar com o tesouro dos Templários, porque é que a grande maioria confessava esses mesmos crimes? Pode existir aqui alguma verdade nessas acusações? Obviamente, as ameaças de tortura devem ter feito pessoas confessarem crimes contra a sua vontade. Outras simplesmente seguiram os seus líderes. Quando Jacques de Molay e os seus altos colegas confessaram, outros os corroboraram. Em alguns casos, a evidência foi certamente distorcida. Sabemos de um caso em que um iniciado foi levado ao "tesouro" de uma casa pertencente a um Templário Aí ele viu uma estátua dourada, provavelmente roubada no Médio Oriente. Durante o seu julgamento, o tesouro tornou-se num cofre secreto. A estátua era um 'ídolo'. E consequentemente todo este inocente episódio subitamente tomou contornos sinistros.


Deste modo, um grande número de confissões foram aceitas. Não devemos assumir que muitos, ou nenhum, Templário estava na realidade culpado dos muitas acusações contra eles: idolatria, homossexualidade, e por aí em diante. Estas eram as acusações principais que se faziam contra os heréticos nesse tempo. E eles vão contra elementos específicos nas regras da Ordem. Mas é possível que muitos dos Templários não fossem Cristãos ortodoxos — e outras acusações eram feitas para conseguir a verdade. Nesse tempo, havia muitas seitas de cristãos não ortodoxos na Europa. Havia os Waldensians, os Franciscanos Espirituais, os Brethren do Espírito Livre — várias pequenas minorias para preocuparem as autoridades eclesiásticas. Até um Messias falso ocasionalmente havia. Era um tempo de fermentação religiosa, e é inteiramente possível que os Templários possam ter desenvolvido uma qualquer prática não ortodoxa da qual necessitavam guardar segredo da Igreja oficial.

A seita mais notória seria talvez a dos Cátaros do Sul de França, que desprezavam os procedimentos da igreja cristã pelas suas posses materiais. Os Cátaros (cujo significado é ‘puro’), eram pessoas que acreditavam que assim como existia um Deus bom, também havia um Demônio a governar o mundo. Estes a quem chamavam heréticos não tinham qualquer lealdade ao Papa. Em 1208, um dos enviados Papais foi assassinado em território Cátaro. Inocêncio III ordenou uma cruzada contra eles. Cerca de 30 000 soldados do Norte da Europa desceram até essa região e massacraram milhares de civis inocentes.

‘Mas como podemos diferenciar os heréticos dos verdadeiros seguidores da fé?’
Perguntou um soldado quando da entrada destes na cidade de Beziers. ‘Matem-nos a todos’. Retorquiu o representante do Papa. ‘Deus reconhecerá os seus’. 15000 cidadãos foram assassinados, alguns deles no santuário da igreja.

Havia um grande número de Casas de Templários em Provence, berço do Catarismo, e é perfeitamente possível que tenham vindo a ser enclaves secretos de heresia. Também corriam rumores que as suas práticas religiosas incorporavam elementos da religião Islâmica como resultado da sua vivência no Médio Oriente. Poderá ter sido esta a origem da acusação de que eles adoravam uma cabeça chamada Baphomet. A palavra pode ser simplesmente a corrupção de Mohammed.

Uma vez que nunca foram encontrados testemunhos, muito da história dos Templários continua incerta. É dito freqüentemente que eles próprios destruíram os registos para que nunca pudessem ser usados contra eles. De qualquer modo, como acontece com tantos arquivos históricos, é possível que estes se tenham simplesmente perdido — provavelmente em Chipre alguns anos mais tarde.

Mas ainda que livros e papeis sejam fáceis de destruir, para onde foi o Tesouro dos Templários? Dada a sua rede de influência e aliados políticos, os Templários quase certamente foram avisados com antecedência do ataque que lhes iria ser movido. Uma teoria era a que o seu tesouro foi secretamente transportado pelos esgotos de Paris. A complexidade de catacumbas e esgotos que se encontram por baixo da capital Francesa nunca foi mapeada. Mas os Templários tinham reputação de terem mapas detalhados dessas passagens subterrâneas. Uma vez em segurança, o tesouro foi transportado para um destino desconhecido por uma frota Templária, e posteriormente nunca mais foi visto.

Então para onde se deslocou a frota? Que aconteceu ao seu fabuloso tesouro? E em que se tornaram os Templários sobreviventes, particularmente na Escócia, Inglaterra, Irlanda e Portugal, onde muito poucos foram conduzidos até à Inquisição. Ou na Espanha, Alemanha e Chipre, onde todos foram declarados inocentes?

A ORDEM CONTINUA VIVA?

O destino da Ordem dos Templários será sempre uma questão de discussão. O que sobreviveu foi a lenda dos Templários. Na literatura e, mais recentemente, nas películas são retratados como os guerreiros heróicos dos cristãos que lutam de encontro às forças desconhecidas e do mal.

Outros trabalhos sérios da história perpetuaram também esta lenda dos Templários. Como vimos no anterior capítulo, Jacques de Molay amaldiçoou o rei Francês e o Papa antes de ser queimado na fogueira. Uma vez que a sua praga estava de encontro a figuras ditatoriais da autoridade, ressuscitou na altura da Revolução Francesa. Quando os súditos praguejavam em relação ao senhorios aristocráticos, dispunham o rei Luis XVI à morte. Isto foi visto por muitos como o preenchimento final da praga dos Molays. Luis foi o último rei a governar a França desde então.

Algures na Europa, onde muitos Templários escaparam da supressão, a ordem ajustou as suas posições. Os Templários Portugueses mudaram simplesmente o seu nome — como um negócio moderno muda o nome a fim de evitar débitos precedentes. Tornaram-se nos Cavaleiros de Cristo, posteriormente famosos pelas suas explorações na África e nas Índias ocidentais. O famoso rei D. Henrique o Navegador era um grande mestre da Ordem, e exploradores como Vasco da Gama eram membros. O sogro de Cristóvão Colombo era um Grande Mestre, e Colombo navegou através do Atlântico com a familiar cruz dos Templários brasonada nas suas velas. A Ordem de Cristo sobreviveu até 1830.

Igualmente na Alemanha, em Espanha e noutras partes da Europa onde a purga aos Templários não foi tão bem sucedida, há abundantes indícios que estes se juntaram a outras Ordens — os Hospitalários ou os Cavaleiros Teutônicos na Alemanha, ou a Ordens militares locais em Espanha.

Mais misterioso foi o destino do Templários ingleses, escoceses e irlandeses. Um levantamento pode ser feito — e foi feito certamente, por Michael Baigent e Richard Leigh, no The Temple and the Lodge, para quem um expressivo número deles fugiu para o norte, mais precisamente para a Escócia. O rei escocês, Robert the Bruce, era especialmente benevolente para com os Templários e nunca dissolveu os Templários Escoceses. Encontrava-se também desesperadamente necessitado de cavaleiros hábeis para as suas campanhas contra a Inglaterra.

Mas se a Escócia foi o destino final destes cavaleiros, juntamente com a sua frota e possivelmente o seu tesouro, o que aconteceu com eles? Sem dúvida, muitos deles com o passar dos anos pura e simplesmente esqueceram os seus passados de cavaleiros. Outros, entretanto, podem ter ajudado a fundar a Maçonaria. A organização semi secreta, que permeia a sociedade em todos os níveis hoje, reconhece explicitamente uma linhagem direta dos Cavaleiros Templários. A Escócia era um dos lugares principais onde um tipo particular da Maçonaria — Templária nos seus mitos e rituais; mística em toda a sua orientação primeiramente despertou e floresceu.

A Maçonaria só foi fundada formalmente em meados do século XVII. Mas no final do século XVII o visconde de Dundee era ainda o Grande Mestre dos Templários na Escócia. Além disso, no final do século XVI, havia ainda 500 registos de propriedades pertencentes aos Templários. Parece assim que os Templários e os Hospitalários se fundiram na Escócia. E também sabemos ao certo que os Hospitalários sobreviveram, porque estão entre nós ainda hoje como os Cavaleiros de Malta e da Brigada da Ambulâncias de S. João.
Além dos Maçônicos, existe uma outra organização misteriosa que deve ser mencionada: o Prieuré de Sion. Este cabal Francês é investigado no best-seller explosivo The Holy Blood and the Holy Grail..

O autor reivindica que esta organização, que existe indubitavelmente, tem uma história longa inclusive antes do estabelecimento do Templários. Julgam que foi este Prieuré de Sion que fundou originalmente os Templários, com o intuito de restaurar uma linhagem antiga dos reis franceses conhecidos como a dinastia de Merovingian. E a esta dinastia é dito ter uma linhagem fantástica. os seus membros seriam descendentes diretos do próprio Jesus Cristo!

O livro, publicado em 1982, oferece novas evidências para tornar este cenário plausível. Esta evidência foi descoberta em documentos originais antigos descobertos em França, numa biblioteca onde as autoridades tentaram arduamente impedir que fossem encontrados. Isto altera toda a nossa compreensão e conhecimento da vida de Cristo como se encontra descrito no Novo Testamento.

Jesus, pode não ter morrido na cruz. Poderá ter sobrevivido, ter casado com Maria Madalena e esta lhe ter dado filhos. E das crianças de Jesus, os reis de Merovingian — e através delas um número de outras famílias reais européias — serão descendentes.

Não menos impressionante era uma reivindicação de que os anteriores líderes da ordem de Sion incluíam os famosos cientistas britânicos Robert Boyle e Sir Isaac Newton, os escritores franceses Victor Hugo e Jean Cocteau, o artista italiano Leonardo da Vinci, e um número de outros distintos Europeus.

Qualquer sobrevivência anterior dos Templários aos dias de hoje não seria tão direta quanto a sobrevivência dos Hospitalários. Mas é ainda possível que haja hoje em dia pessoas que estejam na posse das tradições e dos segredos dos Templários. Não circulam com armadura de cavaleiro. Não registam qualquer diferença em relação aos cidadãos anônimos. Podem ser maçons. Ou podem pertencer a alguma casta mais esotérica, encontrando-se talvez uma vez por mês para praticarem qualquer ritual mágico. Talvez estejam à espera de uma época em que a cristandade necessite uma vez mais ser defendida de uma ameaça exterior.

O que é feito do seu tesouro? Será que existe algures ou foi meramente usado? Existe de fato um verdadeiro tesouro — dinheiro ou valores — ou é meramente um tesouro metafórico? Um ‘grande segredo’ de qualquer espécie?

Talvez, caso fosse um tesouro verdadeiro, tenha sido enterrado ou perdido, esperando por uma descoberta acidental de um detetor de metais. Ou ainda encontra-se depositado num cofre de um qualquer anônimo Banco Suíço, esperando ser posto em uso nos tempos vindouros.

Estas são questões que têm intrigado os historiadores, investigadores e afins há quase 900 anos. Estes são os equívocos para os quais são necessárias respostas. A verdade acerca dos lendários Cavaleiros do Templo irá provavelmente continuar a ser um dos maiores mistérios de todos os tempos.

Sobre este tema recomendamos também a leitura do texto de K em A Roda do Conhecimento.

Em breve material sobre a Maçonaria!!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

As Cruzadas da Idade Madia

As cruzadas das crianças

Liderados por meninos pobres, milhares de camponeses, mendigos e doentes cruzaram a Europa, em 1212, em procissões que queriam chegar a Jerusalém

por Isabelle Somma e Kako

Estêvão tinha apenas 12 anos. Era analfabeto e ajudava a família cuidando de cabras em Cloyes, no norte da França. Em maio de 1212, foi até Saint Denis, onde o rei Felipe Augusto havia se instalado, para entregar-lhe uma carta. O menino dizia que Jesus em pessoa lhe pedira para liderar uma nova cruzada contra os muçulmanos. Mas, diferentemente das quatro incursões anteriores à Terra Santa, o exército cristão deveria ser formado por crianças. Segundo Estêvão, com o coração e a alma livres de pecados, elas receberiam a ajuda de Deus, venceriam os infiéis e retomariam Jerusalém.

Não se sabe se Felipe recebeu o menino e é provável que ele sequer tenha lido a tal carta. Sabe-se porém que o monarca ficou intrigado com a pregação do pequeno pastor e, como não tinha certeza do que fazer com ele, mandou consultar os acadêmicos da Universidade de Paris. A resposta foi sábia: o rei deveria mandá-lo de volta para casa. E assim o fez. Até aqui, a história está documentada e consta dos textos dos principais cronistas da época, entre eles Vincent de Beauvais e Roger Bacon.

A partir daí, o que aconteceu a Estêvão virou um mito que foi recebendo enxertos aqui e ali, até se tornar um dos episódios mais emblemáticos da Idade Média, conhecido como a Cruzada das Crianças. Estêvão se tornaria uma lenda, mas não seria o único. Na Alemanha, no mesmo ano, movimentos muito semelhantes aconteceram. “Juntas, essas procissões teriam reunido cerca de 40 mil pessoas, segundo os textos medievais, mas a maioria dos especialistas acredita que é exagerado”, diz o historiador Malcolm Barber, da Universidade de Reading, Inglaterra.

Para entender essas manifestações populares é preciso voltar ao início do século 13. Na baixa Idade Média, as migrações eram comuns em toda a

Europa. A população crescera bastante e havia muitos camponeses sem terras, migrando de vila em vila, procurando trabalho ou algum tipo de assistência. Essa multidão que vivia em trânsito ou à beira das estradas era um público farto para os pregadores messiânicos, que dominavam a cena religiosa. “O cristianismo estava ameaçado por muçulmanos e bárbaros e os movimentos de 1212 são filhos dessa crise”, diz Christopher Tyerman, professor do Hertford College, em Oxford, Inglaterra.

Após o fracasso da Quarta Cruzada, entre 1202 e 1204, surgiu no norte da França e no vale do rio Reno (na atual Alemanha) a idéia de que uma dessas peregrinações deveria se transformar numa nova cruzada popular composta apenas por pessoas comuns e desarmada que iria retomar Jerusalém apenas com o auxílio divino. Assim, quando Estêvão apareceu em Saint Denis, parecia uma resposta às preces daquelas almas cristãs atormentadas que perguntavam: “Por que nós não conseguimos expulsar os muçulmanos de solo sagrado?” Na lógica medieval, Deus não parecia disposto a ajudar as tropas comandadas por nobres pecadores, usurpadores e impuros. Por isso, a idéia de realizar uma cruzada com crianças, imaculadas e livres de pecados, como o próprio Jesus, fazia sentido. Se do ponto de vista religioso essa pregação não representava novidade, do ponto de vista prático era um tremendo desafio.

De Saint Denis a Jerusalém seria uma viagem de 4 mil quilômetros que duraria meses ou até anos. Quem seguiria uma criança numa aventura como essas? Que pais deixariam seus filhos partirem assim?

A marcha dos incluídos

Para Tyerman, algumas características da época podem nos ajudar a responder. Primeiro, o próprio conceito de criança era muito diferente do que é hoje. Depois, a palavra latina pueri pode ter sido mal traduzida. “O termo significa ‘homens jovens’ tanto quanto ‘crianças’”, afirma. O professor Barber concorda. “A maioria dos peregrinos não eram crianças, mas jovens trabalhadores rurais, pastores e padres”, diz.

Segundo Barber, já havia um movimento popular em Saint Denis antes da entrada do menino na cidade. “Estêvão de Cloyes chegou à cidade e se juntou a religiosos e peregrinos que voltavam do Oriente pregando a realização de uma nova cruzada. Na cidade, o menino, que tinha fama de milagreiro, foi considerado líder, antes que o grupo fosse dispersado pelo rei”, diz.

No entanto, Christopher Tyerman acha que esse pode ser o ponto final da história. “Se nos basearmos apenas em provas documentais é impossível afirmar que o grupo tenha ido além de Saint Denis”, diz. Para ele, Estêvão e seus amigos nunca chegaram ao Mediterrâneo. “As crônicas francesas da época citam as andanças pelo interior, mas nenhuma afirma que eles estiveram nas proximidades do litoral.”

Porém, num clássico artigo publicado em 1917, na American Historical Review, o historiador Dana Munro, de Princeton, Estados Unidos, afirmou que a turma de Saint Denis seguiu em procissão até Marselha. Munro se baseou em textos escritos entre 30 e 150 anos depois dos fatos e, segundo eles, o cortejo prosseguiu e, por onde passava, recebeu adesões de homens e mulheres de vida irregular – em outras palavras, prostitutas, vagabundos e vigaristas. Clérigos, que desejavam conhecer Jerusalém, e velhos, que queriam morrer por lá, também se uniram à trupe.

O historiador britânico Steven Runciman reproduz em seu livro A História das Cruzadas: O Reino de Acre alguns desses textos antigos. Eles contam que Estêvão teria sido elevado ao posto de santo e quando chegou a Vendôme, no final de julho, uma multidão já o esperava. “Eram por certo vários milhares de jovens, oriundos de todas as partes do país, muitos deles trazidos pelos próprios pais”, escreve Runciman. Dali, partiram para o litoral, onde Estêvão havia prometido fazer com que o mar se abrisse. O menino ordenou ao Mediterrâneo que lhes desse passagem, mas as ondas, é claro, continuaram a bater na praia.

Decepcionados, alguns voltaram para casa, mas a maioria ainda esperava um milagre. E não é que aconteceu algo inusitado? Dois mercadores da cidade, Hugo “o Ferro” e Guilherme “o Porco”, se ofereceram para levar os pequenos cruzados de navio para a Terra Santa. Sem cobrar um tostão, tudo pela glória de Deus. “Em julho de 1212, cerca de 2 mil jovens embarcaram em sete navios”, escreveu Munro. Durante 18 anos, não se ouviria mais falar deles.

As cruzadas germânicas

Não muito longe dali, em Colônia (na região onde atualmente fica a Alemanha), ocorria um movimento popular muito semelhante. Para Steve Runciman, trata-se do mesmo fenômeno. “As histórias de Estêvão devem ter chegado à Renânia (no vale do rio Reno) e apenas algumas semanas depois de ele ter estado em Saint Denis, um jovem camponês de nome Nicolau pregava diante do santuário dos Três Reis Magos”, afirma Runciman. Ele também dizia que o mar se abriria para que as crianças chegassem a Jerusalém e que elas converteriam os muçulmanos. As semelhanças não param por aí: “Nicolau era um menino camponês de 10 anos, humilde e religioso. Ele chegou a reunir cerca de 7 mil pessoas, mas a média de idade era certamente maior que a dos cruzados franceses”, diz Tyerman.

A história dos cruzados germânicos foi mais bem documentada. O bispo de Cremona, Sicardus, relata em um texto da época que o objetivo do grupo de Colônia era ir para o porto de Gênova (na atual Itália) e de lá embarcar para Alexandria, no Egito, de onde seguiria para Jerusalém. Ele também afirma que a população dos vilarejos distribuía-lhes comida e apoiava a marcha, que chegou a ter 20 mil integrantes. Por onde passavam, missas eram celebradas e mais gente seguia com eles. Mas nem as preces nem as aleluias foram suficientes para proteger aqueles meninos durante a travessia dos Alpes. Segundo os Annales Stadenses, textos apócrifos do século 13, apenas um terço do grupo conseguiu vencer as montanhas. Alguns desistiram e voltaram para casa, outros morreram de fome ou de frio.

Os sobreviventes continuaram a jornada até o litoral e em 25 de agosto de 1212 a procissão finalmente chegou a Gênova. Apavorado com aquele bando de maltrapilhos vagando pela cidade, o governador local deu a eles duas alternativas: quem quisesse se instalar na cidade seria bem-vindo, quem tivesse outra intenção deveria deixar a cidade. Cansadas e famintas, algumas crianças conseguiram abrigo nas casas de generosos genoveses. Cada vez menor, a procissão continuou até Pisa, onde novamente se dividiu. Segundo Runciman, alguns embarcaram em dois navios que partiram para a Palestina e também sumiram dos registros históricos. Mas a maioria seguiu com Nicolau para Roma, onde foram recebidos pelo papa Inocêncio III, que ficou comovido pela sua fé, mas constrangido com sua insensatez, e pediu que todos voltassem para casa.

Origem das Cruzadas

:As Cruzadas eram expedições de cristãos para libertar a Terra Santa (atual Palestina) dos turcos (muçulmanos), e eram patrocinadas pela Igreja Católica (Papa). O nome Cruzadas é porque os cristãos teciam uma cruz nas suas roupas, simbolizando o voto prestado à igreja.

Causas
Várias foram as causas das Cruzadas:

O papa Urbano II queria reerguer a unidade católica no oriente, que decaiu com a Cisma do Oriente (1054)
Muitos acreditavam que seguindo as cruzadas, alcançariam a salvação.
Naquela época não havia parque de diversão, então, para fugir do cotidiano das grandes cidades, eles partiam para as Cruzadas
Claro, interesses comerciais nas ricas terras do oriente.
Como hoje, o papa e outras “santidades”, como Pedro o Eremita, tinham grandes poderes de influenciar o povo. Eles reuniram grandes multidões, de maioria pobre e miserável, para organizar uma Cruzada, chamada de Cruzada Popular. Conseguiram chegar em Constantinopla, mas com poucos recursos, cansados. Quem não gostou disso foi o imperador bizantino Aleixo Commeno, que incentivou os cruzados à atacar os infiéis, resultado: uma tremenda carnificina, quase todos os cruzados morreram. Depois disso, a cruzada ficou conhecida como Cruzada dos Mendigos.

Outra cruzada, desta vez formada por senhores feudais, condes, duques, etc, partiu para a Terra Santa, com o apoio dos Bizantinos. Com todo o poderio econômico e militar unidos, foi fácil conquistar Jerusalém, em 1099. Essa conquista custou milhares de vidas de judeus e muçulmanos. Nas terras conquistadas foram criadas o Reino de Jerusalém, Condado de Edessa, Condado de Trípoli e Principado de Antioquia . Mas logo essas terras ficaram precárias, em razão das constantes batalhas travadas por muçulmanos e os nativos contra os cristãos. Para tentar se manter nas regiões conquistadas, os cristãos criaram duas ordens: os Templários e os Hospitalários:
Templários: formar um exército para controlar os novos domínios, para isso, deveriam construir fortalezas, fossos, muros, etc. Também se juntou à ordem uma milícia de monges cavaleiros.
Hospitalários: como o nome já diz, criaram estabelecimentos para acolher os peregrinos mais pobres, construíram hospitais. Um tempo depois, formaram um exército para defender o Santo Sepulcro.
Em vista das seguidas derrotas dos cristãos na Terra Santa, foi organizada mais uma cruzada (Segunda Cruzada): Luís VII e Conrado III (França e Alemanha) foram os líderes. Foi apenas mais uma derrota.

A retomada de Jerusalém
No ano de 1187, tropas de muçulmanos comandados por Saladino rumaram para Jerusalém, e a reconquistaram facilmente. Saladino foi gentil com os cristãos, evitou o massacre de milhares de pessoas.

Em 1189 foi organizada a Terceira Cruzada, comandada pelo rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão, o rei da França Filipi Augusto, e o imperador alemão Frederico Barba-Ruiva (Barba-Roxa). Esta Cruzada começou dando certo, mas logo os problemas chegaram. Frederico se afogou num rio na Síria, Filipe Augusto tomou o Acre e voltou pra França. Ricardo Coração de Leão ganhou de Saladino duas vezes, mas não conseguiu tomar Jerusalém. Então, Saladino e Ricardo fizeram um acordo, que permitia a entrada de cristãos para fazerem suas peregrinações na Terra Santa. Ricardo voltou logo pra Inglaterra, pois seu irmão estava tentando derrubá-lo e tomar o poder. Foi preso no caminho, na Áustria, e sua mãe teve de pagar o resgate. Retomou o poder, mas em 1199 foi morto quando combatia um vassalo insubmisso.

A Quarta Cruzada (1202-1204) teve seu rumo desviado pelas influências dos comerciantes venezianos, foram para Constantinopla, que foi tomada e saqueada. Algumas partes da cidade ficaram sob domínio cristão até 1261.

A Cruzada das Crianças foi outro fracasso, no ano de 1212. Os cristãos acreditavam que as crianças de alma pura poderiam reaver o Santo Sepulcro. Eram milhares delas. A maioria morreu de fome, frio, ou foram sequestradas para serem vendidas como escravas.

Outro fracasso foi a Quinta Cruzada (1217-1221), comandada por André II, rei da Hungria, e Leopoldo VI, duque da Áustria.

Entre 1228 e 1229 aconteceu a sexta cruzada, liderada por Frederico II, imperador alemão. Desta vez usaram a diplomacia para consequir o que queriam: os turcos entregaram as cidades de Jerusalém, Nazaré e Belém. Mas elas logo foram retomadas pelos muçulmanos.

A sétima cruzada (1248-1254) e a oitava cruzada foram comandadas por Luís IX, rei da França, que de tanta piedade que teve dos muçulmanos acabou virando santo, conhecido hoje por São Luís. Na sétima cruzada, Luís foi derrotado, acabou preso e seus compatriotas tiveram de pagar uma pesada fiança para livrá-lo. Na oitava cruzada, Luís atacou a cidade de Túnis, no norte da África, mas morreu lá em razão de uma forte dor de barriga.

Resultados
Entre os resultados que as cruzadas tiveram, podemos citar:
- Aumento do comércio ocidente-oriente.
- A burgueria européia ficou mais rica, às custas dos nobres e cavaleiros que foram às cruzadas.
- Com tanto movimento de pessoas, as cidades e o comércio entre elas se desenvolveram.
- Alguns dos costumes orientais foram incorporados ao ocidente.
- Produtos novos orientais foram trazidos para a europa, como Arroz, Canela, pimenta, cravo, açúcar, algodão, café e perfumes.
- A intolerância aos judeus na europa cresceu, havendo muitos massacres.